É incrível a mutabilidade de tudo o que nos cerca: das pessoas com que convivemos, do meio em que vivemos e dos sentimentos vividos. Fazemos parte de um ciclo, que se renova no fim (nosso).
A nossa existência se estende por míseros 100 anos aproximadamente (sendo otimista), e então virão outras histórias, outros "nós", que escreverão num blog qualquer, sobre existência, ou não ;P. Entretanto nesses anos de vida, o que dá um real sentido para ela, são factualmente os sentimentos. Por vezes somos tomados de súbito por eles, noutras simplesmente agonizamos com a incerteza de dúvidas que eles nos impõe. Como podemos gostar tanto de uma pessoa, nos apegar tanto a ela e posteriormente considerá-la apenas mais uma "amiga"? Como é possível algo tão forte tornar-se tão tênue? O que é pior, deixar de amar ou não ser mais amado? Alguns crêem possuir a resposta para tais perguntas, mas será que no fundo é possível respondê-las?!?! E a busca pela felicidade? E o pote de ouro no fim do arco-íris? Alguém pensa no infeliz que perdeu a nota de 50 reais, quando acha uma? Será que a sorte de um é o azar do outro? Estou desviando do assunto central? Sim, para a última. ;)
A sensação de olhar fotos antigas, de familiares falecidos, de ouvir histórias de velhos tempos faz parecer tudo tão normal: geração sucedendo geração. Os amigos de hoje, o cara do bar, o "cabeça" da quadrilha que assola a sua região, o policial que levou um tiro e tornou-se manchete como heroi, todos os teus feitos na sociedade em que vive, alguém que recebeu um monumento em sua homenagem, tudo o que foi citado se tornará mera lembrança ou melhor, lembranças de várias pessoas e os personagens serão substituídos. "Vão se os dedos, ficam se os anéis", o concreto sobreviverá e será o ponto de partida para quem quiser recordar os seres viventes que faleceram, e no lugar de quem foi haverá novas peças, "modelos 3000", e quem sabe blogs de pessoas que "perdiam" o tempo questionando a vida tornem-se lendas.
A sociedade caminha para um futuro cada vez mais distante, redundância? Não, distância essa, das pessoas que se ama, da verdadeira emoção de viver (amar). Distância física, é linear, distância sentimental, é exponencial ;P -perdoe os termos matemáticos, mas não achei nada que explicitasse melhor. O artificial tem tomado lugar do real, plantações no lugar de florestas, alimentos industrializados no lugar de naturais e até vidas artificiais (The Sims) para simular a sensação de sucesso. Com os sentimentos não seria diferente e daqui há uns bons anos, talvez amor seja sinônimo de lembrança e venha em comprimidos. Tudo passa, mas o que você faz deixa marcas e transforma de alguma forma a sociedade.